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segunda-feira, 23 de março de 2015

Prefeito de cidade baiana é acusado de desviar R$ 1 milhão por mês

Ex-secretário da prefeitura de Itaberaba, que fez a denúncia, teve a casa invadida por bandidos. 
Agentes da Polícia Federal permanecem no município de Itaberaba, na Chapada Diamantina, neste domingo (22), investigando denúncias de irregularidades contra o prefeito João Almeida Mascarenhas Filho (PP). Acusações de desvios mensais de mais de um milhão de reais feitas pelo próprio primo, Alberto Magno, ex-secretário de Administração, foram o estopim das investigações da PF e do Ministério Público Federal.
 
No dia 15 de janeiro deste ano, três homens armados entraram na casa do ex-secretário fizeram três reféns e levaram documentos que continham informações sobre fraudes e desvios de recursos públicos na gestão do pepista. “Apontaram uma arma para a cabeça da minha filha de nove anos”, 
Toda ação foi gravada pelas câmeras de segurança da residência e os invasores identificados. O delegado Jean Silva Souza concluiu o inquérito, indiciou e pediu a prisão preventiva de Lúcio Flávio Soares Santos, Gilvan Alves dos Santos e Eduardo Ferreira Lopes. Os três continuam foragidos. “O vereador Paraná [PHS], presidente da Câmara esteve na minha casa tentando me convencer a não deixar o governo e achou que as câmeras estavam desligadas. Quando eu fui ao Ministério Público protocolar a minha carta de demissão, que estava pronta desde o dia 12 de janeiro, os criminosos entraram e levaram vários documentos”, detalhou afirmando ser “pesada” a carta de demissão encaminhada ao MP.
 
O ex-secretário responsabiliza o prefeito pela invasão a sua residência. “Tudo nessa cidade passa por ele. Todos os recursos aqui de Itaberaba tem desvio. A coisa aqui é grandiosa demais. Tem corrupção em tudo. Desde as mínimas coisas até a Saúde e a Educação”.
 
Magno apresentou alguns documentos que podem comprovar a fraude e que não foram roubados.
Parte dessa documentação será exibida neste domingo em uma reportagem especial do Fantástico. O repórter Eduardo Faustini teve acesso a “cheques que provam a utilização de laranjas e pagamentos de funcionários fantasmas, licitações fraudadas, reuniões arranjadas e concorrência com uma empresa apenas, empresas fantasmas em Feira de Santana, pagamentos de salários para a cunhada do prefeito, seu sobrinho, empregados particulares e outros parentes”.
 
As denúncias de irregularidades também já haviam sido apresentadas pelo Jornal da Chapada. “No começo, a polícia local parecia que estava agindo em defesa da prefeitura. A polícia inicialmente pediu para atestar se as imagens da invasão e do roubo de documentos eram verdadeiras. Ficaram 45 dias sem se movimentar. Depois que a polícia Federal começou a agir e a imprensa nacional entrou na história ficou difícil não ver as irregularidades”.

Alberto Magno é administrador de empresas e primo do prefeito, mas afirmou que não o conhecia e foi convidado pela sua experiência administrativa na cidade de Pojuca. “Sou administrador de empresas, com experiências em banco e multinacionais. Eu vivi 39 anos em outras cidades. E pelo trabalho que eu fiz em Pojuca ele me convidou. Achei que seria um reencontro com amigos de infância, onde eu poderia me aposentar tranquilamente, mas não foi o que aconteceu. Fiquei cinco anos e meio na prefeitura e sempre tive coragem de dizer o que era indecente e imoral, mas ele não respeita. Ele gosta da pessoa debaixo dos pés dele”, explicou descrevendo o perfil do primo.
O ex-secretário também comentou a sua atuação na administração de Itaberaba. “Foi uma experiência desastrosa. A Política não serve para quem é honesto não. Eu nunca foi político e nem queria ser. Espero que isso mude e que a gente possa se orgulhar um dia”. 
 
Magno também afirmou que tem medo de represálias e deve deixar a cidade nos próximos dias. “Vou ter que vender as minhas coisas e cuidar da minha vida. Ele se acha poderoso e inatingível pelo dinheiro. Eu sou pequeninho. Eu estou vendendo a minha casa e vou sair da cidade. Estou entregue na mão de Deus. Eu tenho que viver trancado aqui e monitorando as Câmeras. Eu espero ser inserido no programa de proteção. A PF ficou pasma como eu ainda não estava inserido nesse programa”.

 O prefeito João Almeida Mascarenhas Filho (PP) responde a mais de cinquenta processos na Justiça. Entre eles estelionato, falsidade ideológica e emissão de cheques sem fundo. 
 
Em nota encaminhada para a imprensa, o prefeito atribuiu as denúncias ao grupo político adversário. “A oposição está muito preocupada em criar factoides. Eu, no entanto, estou mais interessado em cuidar e resolver os problemas da nossa gente, conduzindo a nossa administração com total transparência e atendendo aos compromisso (sic) assumidos com nossa comunidade”.





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