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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Enchentes e deslizamentos em Salvador revelam problemas na administração da cidade que não prioriza a maioria da população, afirma Hilton Coelho (PSOL)


Para o vereador Hilton Coelho (PSOL) as pessoas mortas nos deslizamentos que ocorreram no Marotinho, no bairro de Bom Juá, e na região da San Martin nesta segunda-feira (27) não podem ser contabilizadas apenas como vítimas das chuvas. "Não se trata de fazer política em cima do sofrimento de muitos e menos ainda querer obter ganhos políticos com a morte, porém, para nós, trata-se do resultado de uma cidade planejada para poucos e transformada em mercadoria. A tragédia se repete a cada novo ciclo das estações climáticas, de fácil previsão, mas o poder público entrega à própria sorte a maioria da população, em especial a mais carente. Não há um projeto claro de moradias populares que retirem as pessoas das encostas e locais de riscos", afirma.

"Sempre criticamos a maquiagem feita pelo prefeito ACM Neto. Muitos acharam que estávamos sendo duros demais. As chuvas desmontaram o modelo cosmético, concentrador, elitista, racista de urbanização da prefeitura de Salvador. Ele não está só. Todas as demais administrações nada fizeram para mudar a lógica da exclusão. Não há como negar que a atual administração atuou e atua em favor da indústria imobiliária e concentrou os grandes investimentos em áreas favoráveis à especulação imobiliária", critica com veemência o socialista.

Para Hilton Coelho, "os problemas criados pelas inundações, enchentes e transbordamentos em razão de precipitações pluviométricas acentuadas, sem condições de escoamento normal das águas acumuladas, são de responsabilidade, sim, da falha ou omissão do serviço que deveria ser prestado pela administração pública. Tragédias relacionadas a deslizamentos e ocupação irregular de encostas não são novidades em Salvador, porém, não podem ser encaradas como naturais e que a cada ano ceife vidas humanas quase sempre de pessoas pobres, negras e das periferias".

Mestre e graduado em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Hilton Coelho lembra que quando do fim formal da escravidão, os negros saídos das senzalas iniciaram a ocupação das encostas e locais mais perigosos pertos de áreas sujeitas a alagamentos por serem as únicas possíveis tendo em vista que a elite ocupava e ocupa o que há de melhor. Para ele, "a questão da moradia nas grandes cidades brasileiras e Salvador em especial, está diretamente ligada ao assunto. Os movimentos que lutam pelo direito à moradia, como por exemplo, o Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB), querem com a mobilização popular mudar esta lógica excludente".

"Os responsáveis direta e indiretamente pelas mais recentes mortes e pelas outras que virão se a atual política não for mudada são os governos federal, estadual e municipal. O povo trabalhador e os mais necessitados são colocados nos locais distantes, vulneráveis a alagamentos, deslizamentos, considerados ruins ou impróprios para moradia, além da falta de infraestrutura básica para vivência. Muitos improvisam moradias e endividam-se, enquanto a casa dos empresários e grandes patrões sequer a rua alaga. O que devemos entender é que isso não é justo, nem natural ou como muitos querem, não é culpa da chuva e nem da natureza. A natureza não é cruel e quer destruir os pobres. Quem faz isso são os que servem aos grandes interesses empresariais e só lembram do povo mais necessitado quando precisam de seus votos para perpetuar a exploração. É contra isso que lutamos e fazemos aqui a denúncia de que a responsabilidade pelas mortes atuais e outras que virá é sim, do prefeito ACM Neto e sua administração", finaliza Hilton Coelho.


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