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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

O desempenho de cada candidato no 1º debate entre presidenciáveis na Band


 O 1º debate entre presidenciáveis na Band foi uma boa oportunidade para se avaliar o desempenho de cada um deles, em que tiveram de falar sobre temas relevantes, sem os habituais bate-boca que alimentam torcidas, mas também turvam escrutínios. Pode ser pouco. Mas, sem dúvida, melhor que se eles entrassem em cena na mesma balada dos conflitos nas redes sociais.

Às vezes, o esquenta para um jogo é mais quente que a própria partida. O primeiro debate entre presidenciáveis na TV Bandeirantes, tradicional desde sua histórica estreia em 1989, pareceu morno. Até meio gelado em comparação com a aguerrida e intolerante pré-campanha que agita as redes sociais.

A turma do PT atribui essa amena temperatura à ausência de Lula, que cumpre pena em Curitiba por corrupção e lavagem de dinheiro. Mal começou o debate, os petistas já o carimbavam como fiasco.

Quem esperava contundentes troca de caneladas também se frustrou. Não dá nem atribuir a ausência petista. Afinal, pela primeira vez, estavam na mesma arena, em igualdade de condições, debatedores como Ciro Gomes, Jair Bolsonaro, Guilherme Boulos, e Cabo Daciolo, um time acostumado a bater de frente com adversários.

Aqui e ali, até trocaram estocadas. Foi Boulos, ao mexer na ferida de privilégios obtidos pela condição de parlamentar, que tirou Bolsonaro da zona de conforto exibida ao longo do debate. Bolsonaro, por sua vez, teve seu momento de brilho ao questionar a promessa de Ciro de quitar a dívida de 63 milhões de brasileiros com cadastro negativo na Serasa. No mais, fora suas toscas propostas para a questão da segurança, evitou se comprometer.

Boulos saudou Lula em sua apresentação. Depois seguiu firme no roteiro de ser contra o que está aí, como contundentes críticas à política de desoneração de impostos para empresas, um dos carros-chefe de Dilma Rousseff, sem sequer citá-la. Está à vontade no papel de franco atirador no campo das esquerdas, sem compromisso com maiores resultados eleitorais.

Cabo Daciolo foi um espetáculo à parte. Com louvações a Deus e banais frases feitas, ele teve seu melhor momento, segundo o Google Trends, quando para espanto de Ciro Gomes o chamou de fundador do Foro de São Paulo — um grupo de partidos de esquerda latino-americanos criado sob as bênçãos de Fidel Castro e Hugo Chávez. Fora inusitados entreveros, Ciro se dedicou a apresentar suas propostas de governo, bem contido, com raras exibições de sua língua afiada.

Os outros presidenciáveis – Marina Silva, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles e Álvaro Dias –, como previsto, foram bem moderados. Quando muito trocaram algumas educadas farpas. Tão educado que Alckmin, praticamente sem interrupção, pôde expor boa parte de seu programa de governo. Mesmo que, como sempre, ele tenha parecido enfadonho, sua equipe conseguiu material para exibir em seu gigantesco horário de propaganda eleitoral.
Com essa estratégia, Alckmin optou por bater bola com Marina Silva, cada um vendendo o peixe de seu programa de governo. Com algumas sutis estocadas, uma delas com troco, Marina parece ter entrado no jogo apostando que lhe basta manter o bom recall, reafirmando propostas e condutas de eleições anteriores, para continuar bem no páreo presidencial.

Henrique Meirelles até tentou buscar parcerias. Arriscou com Álvaro Dias, seguindo um script de sucesso nos governos Lula, e crítica às gestões de Dilma Rousseff, e levou a primeira bordoada. Dias repôs ao currículo de Meirelles o governo Temer. A partir daí, Meirelles mostrou que, apesar de intenso midia training, continua com a mesma falta de jogo de cintura das entrevistas coletivas como ministro da Fazenda.

Com bom desempenho no Sul, praticamente desconhecido país afora, Álvaro Dias quer usar a bem sucedida Operação Lava Jato como cartão de apresentação. Lançou o bordão “ abra o olho, povo brasileiro”, e repetiu várias vezes no debate que vai convidar o juiz Sérgio Moro para ser seu ministro da Justiça. Moro, que sempre nega vinculações com políticos, ainda não se manifestou sobre Álvaro Dias usa-lo como um de suas principais bandeiras eleitorais.

Esse primeiro debate, sem sal e sem sangue, certamente não atendeu à expectativa de quem esperava um confronto mais incisivo entre os candidatos. Foi, porém, uma boa oportunidade para se avaliar o desempenho de cada um deles, em que tiveram de falar sobre temas relevantes, sem os habituais bate-boca que alimentam torcidas, mas também turvam escrutínios.

Pode ser pouco. Mas, sem dúvida, melhor que se eles entrassem em cena na mesma balada dos conflitos nas redes sociais.
Dificilmente a campanha seguirá nessa toada. A conferir.

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