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domingo, 22 de março de 2020

Minas - "Além de queda coice" - Mineiros estão sofrendo com confinamento e fortes chuvas com alagamentos

Não bastasse a epidemia de coronavírus que assusta o mundo, em Minas, a chuva voltou a castigar Belo Horizonte e a região metropolitana ontem (21). Venda Nova foi a área mais atingida da capital. Além de várias ocorrências em bairros de Ribeirão das Neves. Moradores e comerciantes mais uma vez encararam uma madrugada de medo e passaram o dia contabilizando o prejuízo. 

Além de a população ter de lidar com o isolamento por causa da COVID-19, muitos tiveram de arriscar a vida com a água invadindo suas casas e locais de trabalho. Sem falar nas perdas materiais. Situação caótica diante de uma doença nova, impossibilitados de trabalhar, dinheiro escasso e sem saber sobre o futuro.
Muito emocionado, sem segurar as lágrimas, Marcus Vinícius Pinto, o Marquinhos, de 56 anos, dono do Maison Marquinhos Cabeleireiros há 36 anos, na Avenida Dr. Álvaro Camargos, no São João Batista, em Venda Nova, revelou que só em 2020 a chuva invadiu seu salão três vezes: “De todos esses anos que vivo aqui, foi a pior. A chuva foi rápida, mas muito volumosa. Começou à meia-noite e à 1h alagou meu salão. Caiu poste, teve explosão e não consegui salvar nada, não podia ficar na água porque estava arriscando a minha vida. Um caos”.
Marquinhos revela que se nas duas primeiras enchentes do ano teve um prejuízo de cerca de R$ 7 mil, ontem foi maior. “Já contabilizei R$ 10 mil. Joguei produtos, móveis, TV, computador, impressora, DVD tudo no lixo. Há anos peço uma solução e nada ocorre. Um prejuízo enorme e ainda não podemos trabalhar por causa do coronavírus. Não podia ser uma situação pior e mais triste. E tenho vizinhos com problemas maiores.” Felizmente, ele conta que a sua casa, onde vive com a mulher, filho e um irmão, todos trabalham no salão, não foi atingida porque fica no fundo do salão e é uma construção mais alta.
Neste momento, Marquinhos conta que nem dá para pensar na COVID-19: “Na chuva, durante toda a madrugada, estamos vulneráveis ao coronavírus, À leptospirose, com este córrego sujo, com esgoto, a uma gripe comum e muito mais. Arriscando a vida e desesperado. Mas na hora não dá para pensar em nada disso. Temos de agir para anos salvar. Aqui, é a gente que ajuda um ao outro”.

saques.

Marlon Gomes, que trabalhava à noite no supermercado como segurança, viu seu Pálio estacionado na avenida indo parar só depois que encontrou um poste pela frente, a mais de um quilômetro. Sem seguro, a perda do carro foi total. De acordo com os moradores, a chuva de maior intensidade ocorreu à 0h e não parou até as 4h. Sem vazão, a água se acumulou rapidamente na Avenida Vilarinho e invadiu casas e comércios. Na Rua Padre Pedro Pinto, a enxurrada arrastou carros e alagou a UPA Venda Nova.

Grande parte da brita usada na via para dar suporte à fixação dos dormentes também foi levada pela água e precisará ser inteiramente reposta. Por causa desses danos, a Estação Vilarinho precisou ser fechada ontem. Os trens passaram a rodar da Estação Eldorado à Estação Floramar, nos dois sentidos e nos horários divulgados para a operação especial contra a disseminação da COVID-19, das 6h às 9h e das 16h30 às 20h.

Em nota, a CBTU-BH lamentou os transtornos causados aos usuários do metrô e pontuou que a solução definitiva para os constantes alagamentos na Avenida Vilarinho é alheia à atuação e à responsabilidade da companhia. “Assim como a população que vive em Venda Nova, a companhia é vítima desses alagamentos recorrentes e tem sofrido com os altíssimos custos de manutenção que atingem equipamentos de complexo reparo.”

Na Rua Portugal, Bairro Esperança, sentido Areias, próximo ao Clube Minas Gerais, um morador avisou o Corpo de Bombeiros sobre um carro arrastado próximo a uma ponte paralela à avenida central. O veículo capotou. Segundo populares, havia três pessoas dentro do veículo e todas conseguiram sair sozinhas. Quando o Corpo de Bombeiros chegou, elas não estavam mais no local da ocorrência. O veículo estava parcialmente encoberto e não houve condições de acessá-lo, devido à grande correnteza no local. No balanço de ocorrências da Defesa Civil, até a manhã de ontem foram 27 chamadas da população.




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