O
Supremo Tribunal Federal (STF) retoma hoje (6), a partir das 8h20, as
discussões sobre a descriminalização do aborto até a 12a semana
de gestação. Especialistas em diversas áreas foram convidados pelo STF para
defender suas posições e apresentar argumentos que pautem a decisão final da
Corte. Na última sexta (3), foram ouvidos
cientistas e profissionais de saúde. A audiência pública desta segunda-feira
(6) será aberta com a participação de representantes religiosos.
Dom Ricardo
Hoerpers, bispo de Rio Grande (RS), será o primeiro a falar, representando a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que tem um posicionamento
claro contra a descriminalização da prática. Mestre e doutor em Bioética e
Teologia Moral na Academia Alfonsiana, em Roma, Hoepers defende que o assunto
transcende a esfera religiosa e acredita no papel social da CNBB para tentar
convencer os magistrados a manter a lei como está.
Atualmente, no país, a interrupção da gravidez é considerada legal
somente em casos de estupro, de gestação de fetos anencéfalos ou caso a
gestante esteja correndo risco de vida. Assim como outras instituições
religiosas, a CNBB defende que o embrião é um ser vivo a partir da concepção.
Mas nem todos os convidados ligados a instituições religiosas têm a
mesma opinião. Entre as instituições que participam dos debates, estão
representantes de entidades como Católicas pelo Direito de Decidir e o
Instituto de Estudos da Religião, que se posiciona em defesa da
descriminalização, conforme Lusmarina Campos Garcia.
Pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB),
teóloga e mestre em direito, Lusmarina explica que sua comunidade orienta o
respeito à decisão das mulheres, considerando que nunca é uma escolha leviana e
geralmente está pautada em sofrimento. Assim como alguns dos cientistas que
apresentaram números no primeiro dia de audiência, Lusmarina se pauta nos dados
relacionados à mortalidade materna em decorrência de procedimentos
clandestinos.
No período da tarde, entidades de direitos
humanos vão se revezar nas exposições e cada uma terá
20 minutos para apresentar seu posicionamento. Ao todo, a ministra Rosa Weber,
que é a relatora da ação que pede a descriminalização do aborto, convidou 53
expositores, entre pessoas físicas e organizações. Desse total, 33 apresentarão
argumentos favoráveis ao pedido apresentado pelo PSOL em março do ano passado.
Depois da audiência, a expectativa é de que a procuradora-geral da República,
Raquel Dodge, se manifeste sobre o tema em dez dias. Com o parecer, Rosa Weber
deve concluir seu voto, que será submetido ao plenário do STF.
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