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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Falta de investimentos e insegurança jurídica trazem prejuízos à cacauicultura


“O cacauicultor deveria plantar não só cacau, mas também cultivar no seio da cacauicultura o sentimento de organização e recuperação do seu negócio e de uma região”. Esta frase, dita pelo prefeito de Canavieiras, Almir Melo, aos cacauicultores sul-baianos é um alerta para a necessidade de uma ampla mobilização, com a finalidade de tornar conhecidas as reivindicações da lavoura cacaueira.
Na reunião promovida pelo Sindicato Rural de Canavieiras, que aconteceu na noite de sexta-feira (30), no auditório da Secretaria Municipal da Educação, os produtores rurais analisaram as atuais conjecturas do “negócio cacau” e a insegurança jurídicas das propriedades, com as constantes invasões. Para o presidente do Sindicato Rural de Canavieiras, Gilson Liberato, a sobrevivência da cacauicultura depende das ações intra e extra fazendas, principalmente junto às autoridades governamentais.
O prefeito Almir Melo declarou seu apoio à atividade, ressaltando que Canavieiras é o “berço” da cacauicultura e comentou que recentemente, quando se encontrou por alguns minutos com a presidente da República, Dilma Rousseff, solicitou que ela dê uma atenção especial à atividade, que passa por problemas desde que sofreu o ataque do fungo causador da vassoura-de-bruxa.
Almir disse, ainda, que a simples prorrogação das dívidas contraídas pelos produtores junto aos agentes financeiros e ao Tesouro Nacional não é capaz de solucionar as pendências. Para o prefeito, é preciso que seja elaborado um amplo programa de readequação das dívidas, que permita aos produtores a contratação de novos recursos.
Outra consideração feita por Almir Melo foi em relação à falta de fomento das atividades rurais, haja vista que os bancos, inclusive o Banco do Brasil, deixaram de ser órgãos de apoio ao desenvolvimento para se tornarem meros agentes financeiros. “Sou um homem de luta, prefeito da Terra Mater do Cacau, e os cacauicultores podem contar com meu apoio em defesa desta lavoura”, se prontificou Almir Melo.
Incapacidade para investir - Quem também concordou com o prefeito Almir Melo foi o presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, Milton Andrade Júnior, afirmando que atualmente existe tecnologia confiável para a lavoura cacaueira, porém o produtor está impedido de realizar novos investimentos por falta de capacidade de endividamento. “O mais grave disso é que as dívidas dos cacauicultores são decorrentes das orientações sobre a prática de manejo erradas e que prejudicou terrivelmente o setor”, disse Milton Andrade.
Ressaltou o presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, que a cacauicultura, antes uma atividade que participava com 60% do Produto Interno Bruto ((PIB) da Bahia, há 25 anos atravessa um período de incertezas. Afirma, Milton Andrade, que o cacau continua sendo a principal matriz econômica regional, e portanto deveria ser visto como “outros olhos” pelos governos.
Hoje a Ceplac já possui tecnologia suficiente para implantar uma nova cacauicultura, com material genético de qualidade, tolerante à doenças como a vassoura-de-bruxa, porém os cacauicultores estão descapitalizados”, reconhece Milton. Para a liderança dos agricultores, a dívida contraída para combater a vassoura-de-bruxa deixou os produtores rurais sem a capacidade de contratar novos recursos para investir nas roças de cacau.
Além das dificuldades para contrair investimentos para a manutenção das roças atuais e a implantação de novas lavouras com os materiais genéticos aprovados pela Ceplac, os cacauicultores também reclamam da insegurança jurídica em que vive o homem do campo. “Todo esse esforço feito pelos cientistas pode ficar em vão por falta de utilização das terras”, reconhece Milton Andrade.
O presidente do Sindicato Rural de Ilhéus diz que não consegue conceber que os invasores – sem-terras e pseudos indígenas – recebem proteção especial de setores do Governo Federal. Segundo ele, enquanto os produtores rurais “são sufocados” pelas áreas econômicas da União, os invasores recebem tratamento especial, inclusive para continuarem a agir fora da lei.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Canavieiras, nas regiões onde os conflitos estão mais presentes diminuíram sensivelmente os investimentos, com consequências negativas para os trabalhadores rurais, despedidos dos seus empregos. “Até os produtores que têm capacidade de investir em suas lavouras não o fazem pelo temor de serem expulsos de suas propriedades, diante da conivência das autoridades governamentais”, concluiu.

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