A Comissão de Direitos
Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e a deputada federal
Talíria Petrone (Psol) denunciaram, nesta terça-feira (7), o governador Wilson
Witzel (PSC) à Organização das Nações Unidas(ONU) por promover uma “agenda
genocida” no estado. A presidente da CDH, deputada Renata Souza (Psol), também
encaminhou a denúncia à Organização dos Estados Americanos(OEA).
A denúncia traz ainda
menção ao voo do governador em um helicóptero da Coordenadoria de Operações e
Recursos Especiais (Core), durante operação em favelas no município de Angra
dos Reis, no sul fluminense, no último domingo (5). Witzel publicou uma foto em
sua conta no Twitter em que aparecem policiais armados de fuzis ao fundo.
“O Rio de Janeiro vive
hoje o seu pior momento no que se refere aos casos de morte por intervenção
policial, são mais de 400 casos só nos primeiros quatro meses do ano de
2019, é o maior número dos últimos 20 anos. O governador fez inúmeras
declarações públicas legitimando a letalidade policial dentro das favelas e
periferias do Rio, o que nos faz pensar que esse aumento expressivo nos números
de mortes por ação policial tem relação direta com a permissividade vinda do chefe
do executivo”, informa trecho do documento.
Em nota, o Governo do
Estado do Rio disse que não recebeu nenhuma notificação da OEA e afirma que
“não houve vítimas na operação citada pela entidade e ressalta que sua política
de segurança é baseada em inteligência, investigação e aparelhamento das
polícias Civil e Militar”.
Ao portal G1, um morador de uma das
comunidades de Angra dos Reis afirmou que o helicóptero fez disparos em uma
tenda azul onde acontecia um evento evangélico. Segundo o morador, por sorte
não havia muitas pessoas no local.
Denúncia
formal
Em breve, Witzel ainda
poderá ser denunciado criminalmente às autoridades brasileiras. Desde janeiro,
a Procuradoria Geral da República (PGR) abriga um Grupo de Trabalho (GT) que
reúne integrantes do Ministério Público Federal, Ministério Público do Rio de
Janeiro, Defensoria Pública da União e do estado do Rio, a Comissão de Direitos
Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil-RJ e mais seis entidades civis que vêm
analisando as ações do governador.
O Grupo de Trabalho, em
conjunto com a 7ª Câmara Criminal do Ministério Público Federal (MPF), vem
levantando dados com populações de comunidades afetadas pelas operações
policiais. Uma das três notas técnicas resultantes da investigação aponta
para o caráter inconstitucional, anticonvencional e criminoso das declarações
de Witzel. A Procuradoria Geral da República recebeu uma representação criminal
contra o governador.
"Nossa
Guantánamo"
Mesmo antes de assumir o
cargo de governador do estado do Rio, ainda durante campanha, Wilson Witzel deu
declarações polêmicas sobre quais seriam suas polícias de segurança pública. O
ex-juiz afirmou que o estado precisava da “nossa Guantánamo”, em alusão ao
território usurpado de Cuba há mais de 100 anos pelo governo dos Estados Unidos
e que foi denunciado internacionalmente como centro de tortura e de desrespeito
aos direitos humanos.
Outro episódio
controverso foi durante uma entrevista em novembro do ano passado, quando
Witzel afirmou que “o correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia
vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e... fogo! Para não ter erro”. A
declaração foi duramente criticada por não ter respaldo na Constituição Federal
e em nenhuma lei estadual que permita a execução de pessoas.
Fonte: Site Brasil de Fato
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