O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou
que apenas os diálogos entre o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) e o
ex-ministro da Justiça Sérgio Moro devem ser divulgados no vídeo da reunião
entre o chefe do Executivo e ministros do primeiro escalão, realizada em 22 de
abril. O material faz parte das acusações de Moro de que Bolsonaro tentou
interferir no trabalho da Polícia Federal (PF) e em inquéritos relacionados a
familiares. As acusações foram feitas pelo ex-ministro quando ele anunciou sua
saída do governo, em 24 de abril.
O depoimento de Moro foi motivado por inquérito aberto
pelo ministro Celso de Mello, a pedido da Procuradoria Geral da República
(PGR), a fim de apurar se Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF. De
acordo com o ex-ministro, o vídeo é uma das provas da tentativa de
interferência. Na última semana, segundo o portal UOL, na mesma reunião, o
ministro da Educação, Abraham Weintraub, teria proferido xingamentos contra os
ministros do STF e de que o próprio presidente teria feito comentários em tom
não republicano em relação à China.
De acordo com a coluna Broadcast Político, do jornal
Estado de S. Paulo, outras falas que tenham ocorrido durante o encontro devem
ser descartadas, segundo o procurador-geral. "A rigor, só interessa ao
inquérito partes referentes a diálogos travados entre o presidente da República
e o ex-ministro Sérgio Moro", disse Aras ao programa Canal Livre, da Band,
na madrugada de hoje (11). "Assuntos estranhos a essa interlocução devem
ser dispensados, porque imagina-se que possa haver conversas que envolvam até
questões de soberania nacional", completou.
"A rigor uma reunião de ministros de Estado pode vir
a criar embaraços não só internos, mas também nas relações internacionais.
Creio que a lógica seria que nós pudéssemos cronometrar apenas os pontos
referentes aos diálogos entre o presidente e o ex-ministro", acrescentou o
chefe do Ministério Público Federal (MPF). Aras afirmou que o inquérito, que
foi autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello,
não deve durar muito tempo.
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