O acordo assinado esta semana com os Estados Unidos
para Salvaguardas Tecnológicas (AST) é um passo importante para
que o Brasil transforme a base de lançamento aeroespacial de Alcântara, no
Maranhão, em um centro comercial, o que “vai ser muito bom para o Estado e para
a região”, disse hoje (22), o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, Marcos Pontes.
Segundo o ministro, o objetivo é fazer de Alcântara o que foi feito no
Centro Espacial John F. Kennedy, no Cabo Canaveral, Ilha Merritt, nos Estados
Unidos. De acordo com Pontes, a exploração comercial da base de lançamento
conseguiu retomar a economia local, após as dificuldades enfrentadas com o fim
do programa do ônibus espacial da Nasa.
“Ali fazia o recolhimento, manutenção e decolagem do ônibus espacial.
Quando acabou aquilo, perdeu um monte de emprego lá dentro, perdeu o shopping,
as cidades afundaram, quase que virou uma cidade fantasma. Quando virou um
centro comercial, aquilo reergueu. O pessoal está com uma qualidade de vida
excelente, tem muita riqueza no entorno”.
O ministro adiantou que o governo está preparando um
plano para incentivar a formação de profissionais e a geração de empregos em
Alcântara. A intenção é preparar profissionais “para trabalhar no centro e nas
empresas que vão trabalhar no centro, ajudar no crescimento de empresas,
startups locais, que podem trabalhar com o centro também. Isso tudo aumenta a
riqueza local, a qualidade de vida local, e assim por diante, é a única maneira
de fazer isso funcionar bem”.
Um relatório técnico
sobre o uso comercial de Alcântara foi publicado no ano
passado, produzido pelo Programa Espacial Brasileiro e pela Agência Espacial
Brasileira. Na conclusão, o texto aponta a janela de oportunidades que pode ser
aproveitada com a infraestrutura já instalada no Centro Espacial, mas destaca
que a operação comercial deve ocorrer por um curto período de tempo, tendo em
vista que a concorrência está crescendo com a instalação de “novos spaceports
em diversas localidades do globo”. O texto destaca também a necessidade de se
definir a modelagem institucional para a gestão e as questões jurídicas
envolvidas.
Acordo de salvaguarda
Pontes disse que as informações que estão sendo divulgadas sobre o
acordo de salvaguarda estão incorretas. Segundo o ministro, não será permitido
que os Estados Unidos lancem foguetes do Brasil, muito menos mísseis. “Não é
permitido, pelo acordo ou qualquer definição daqui, lançar qualquer tipo de
míssil, isso não existe. Ali o uso é civil, pacífico”.
“Não é ‘o Brasil está autorizando os Estados Unidos a lançar foguete
aqui’. Não tem nada disso. É ‘os Estados Unidos estão autorizando o Brasil a
lançar foguetes ou satélites de qualquer empresa e qualquer país que tenham
componentes americanos’. Em troca, a gente garante que vai preservar essa
tecnologia, para não deixar roubar”, afirmou o ministro, adiantando que o
Brasil deve firmar acordos semelhantes com o Japão e Israel, entre outros
países.
Na próxima semana, o ministro participa de uma audiência pública na
Câmara dos Deputados para dar mais detalhes sobre o acordo, que ainda precisa
ser aprovado pelo Congresso Nacional.
Coppe
O ministro Marcos Pontes ministrou a aula inaugural no Coppe-UFRJ e
conheceu alguns projetos desenvolvidos pelo instituto, como o trem de levitação
magnética Maglev-Cobra, desenvolvido pelo Laboratório de Aplicações de
Supercondutores; o ônibus híbrido elétrico-hidrogênio; a parceria com a
Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern); o Laboratório Oceânico,
que tem o maior tanque para pesquisa oceânica do mundo; e a tecnologia de
dessalinização por membranas, desenvolvida pelo Laboratório de Processos de
Separação com Membranas e Polímeros.
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