No apagar das luzes na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), deputados estaduais que não renovaram seus mandatos e deixam o Legislativo no final de janeiro, nomearam e autorizaram a elevação de nível - e de salário - de pelo menos 21 secretários parlamentares. As alterações nos gabinetes que estão praticamente inativos durante o mês foram publicadas no Diário Oficial da Assembleia até esta quarta-feira (16).
A promoção mais generosa ocorreu no gabinete do senador eleito Angelo Coronel (PSD). Durante o recesso parlamentar, o atual presidente da AL-BA elevou o nível de Roqueline Moura Coutinho em nove degraus, conferindo a comissionada uma mudança salarial de R$ 2.850 mil para R$ 11 mil, ou seja, um aumento que triplicou os ganhos da servidora. Uma vez que o deputado deixa a Casa Legislativa estadual, como Coronel fará no final do mês, todos os seus funcionários são exonerados. Péssima notícia para quem conquistou o novo salário durante as férias do Legislativo - ou o prenúncio de que tempos de bonança podem vir com outros deputados, a exemplo do herdeiro político do atual presidente, Diego Coronel.
"Movimentação normal dos deputados. Alguns servidores pedem exoneração para ir para outro trabalho ou outro gabinete", defendeu o senador eleito.
As alterações nos gabinetes foram justificadas com as mais diversas explicações. Não eleito deputado federal, o ainda estadual Heber Santana (PSC) defendeu que não fez nenhuma mudança no gabinete neste período. O presidente estadual do PSC, que elevou o nível de três funcionários, disse ao Bahia Notícias que apenas substituiu um servidor que conseguiu salvar seu emprego emplacando uma vaga no gabinete do deputado Sandro Régis (DEM). Heber diz que preferiu dar o aumento aos que restaram ao invés nomear alguém no fim do mandato.
Já para Augusto Castro (PSDB), as mudanças são naturais, por se tratarem de alterações em cargos de confiança. Além de exonerar o seu motorista, que agora passará a prestar serviços para Nelson Leal (PP), o parlamentar aumentou o nível de quatro servidores e regrediu outros três. “Do ponto de vista da eleição, alterei aqueles que não tiveram resultados satisfatórios na campanha”, disse o deputado não reeleito. Os funcionários de gabinete muitas vezes são responsáveis pela campanha de um político em determinada cidade ou comunidade.
A tese de que as promoções durante o recesso são uma espécie de efeito compensatório ao serviços prestados durante a luta por votos também foi defendida por Carlos Geilson (PSDB), que exonerou uma funcionária e autorizou a mudança de nível de outros 10 secretários parlamentares. “Algumas pessoas não corresponderam durante a campanha e outras pessoas que se empenharam foram valorizadas. É uma questão de Justiça”, defendeu.
Geilson garantiu que os aumentos não foram dados junto com férias e que os seus servidores que ganharam até R$ 4 mil a mais em janeiro estão trabalhando durante o recesso. “Pedi que eles continuassem arrumando o gabinete, providenciando à mudança. O deputado Soldado Prisco (PSC) ficará com minha sala”, discorreu.
No time dos que nomearam servidores para começarem a trabalhar a menos de 15 dias de deixarem a AL-BA, estão os deputados Leur Lomanto Júnior (DEM), Carlos Ubaldino (PSD), Luiz Augusto (PP) e Gika Lopes (PT). Augusto, único que atendeu o Bahia Notícias para prestar esclarecimentos, disse que está em atividade durante o recesso parlamentar. “A gente tem que agradecer os votos, e conversar com os nossos eleitores. Ouvir o que cada um tem a dizer”, justificou o deputado.
No curto período que ficarão lotados nos gabinetes da Assembleia, os servidores não terão muito o que fazer, pois a Casa está sem atividades ou votações em plenário ou comissões.
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