A Sociedade Brasileira
de Mastologia (SBM) lançou hoje (2) a campanha +Acesso para Celebrar a Vida,
dentro das comemorações do Outubro Rosa, mês escolhido mundialmente para
estimular a participação da população no controle do câncer de mama. O
objetivo, segundo disse à Agência Brasil o presidente da
SBM, Antônio Luiz Frasson, é mobilizar as prefeituras e as secretarias
municipais de Saúde, “porque são elas que determinam o acesso ao tratamento
para quem tem câncer, para que o tratamento se inicie em pelo menos 60 dias a
partir do diagnóstico, segundo a lei”.
A Lei 12.732,
em vigor desde 2012, estabelece que o primeiro tratamento oncológico no Sistema
Único de Saúde (SUS) deve se iniciar no prazo máximo de 60 dias a partir da
assinatura do laudo patológico ou em prazo menor, de acordo com a necessidade
terapêutica do caso registrada no prontuário do paciente.
“A
gente quer que as pessoas não apenas façam mamografia e tenham acesso ao
rastreamento, mas que, tendo feito um diagnóstico, elas tenham condições de
iniciar um tratamento de forma mais rápida possível. E isso depende,
basicamente, da gestão municipal. O que a gente quer é reduzir fila para
cirurgia, para radioterapia, para quimioterapia. Porque não adianta você
estimular o diagnóstico precoce e a pessoa demorar seis meses para começar o
tratamento porque não tem acesso”, defendeu o mastologista.
A campanha
enfatiza que se as mulheres com câncer forem atendidas rapidamente, terão mais
condições para celebrar a vida. Antônio Frasson explicou que se o tratamento
demora mais de três meses para começar, o prognóstico é pior. “Quando uma
mulher com câncer de mama é operada, a radioterapia tem que começar em três
meses. Se tiver que fazer quimioterapia, quanto antes começar melhor, mas não
deve passar de três meses”, advertiu o presidente da SBM. “É isso que a gente
quer chamar a atenção”.
Mamografias
Pesquisa da
SBM em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia revela um baixo
número de mamografias efetuadas no ano passado por mulheres na faixa etária de
50 a 69 anos. Foram realizadas 2,7 milhões de mamografias, contra 11,5 milhões
previstos. A cobertura foi de 24,1%, inferior aos 70% recomendados pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).
“O número de
mamografias caiu muito. Em algumas regiões, ele é ridículo”, observou Frasson.
“A gente está fazendo, em algumas regiões, 5% ou até menos do que seria
recomendado”. Para o presidente da SBM, esse é um problema de gestão municipal,
que depende de recursos
destinados à
saúde. “É basicamente um problema econômico”.
Os piores
lugares para mamografia no Brasil são o Amapá e o Distrito Federal, informou
Frasson. De acordo com a pesquisa, o Amapá realizou apenas 260 exames em 2017,
contra 24 mil esperados, seguido do Distrito Federal, com 5 mil mamografias
realizadas contra 158,7 mil programadas.
Frasson
atribuiu ao sucateamento da infraestrutura - materiais e equipamentos - a razão
para o baixo índice de exames feitos, além de dificuldade de pessoal. Em
contrapartida, os estados do Sul e do Sudeste apresentam os melhores resultados
de mamografia.
Mastectomia
O presidente
da SBM informou que a reconstrução das mamas melhorou muito no Brasil. “Ainda
não chegou no ideal, mas nos últimos dez anos, a gente praticamente duplicou o
número de mulheres que têm acesso à reconstrução”. Atualmente, cerca de 30% das
mulheres têm as mamas reconstruídas no Brasil.
Frasson disse
que nem todas as pacientes podem ter os seios reconstruídos. Existem limitações
para isso, como fatores intercorrentes, tumores localmente avançados, mulheres
diabéticas, hipertensas. “Não é toda mulher que é candidata à reconstrução”.
De modo
geral, segundo o mastologista, hoje, em algumas regiões, 90% das mulheres que
são candidatas à reconstrução conseguem fazer essa cirurgia. Muitos médicos
estão capacitados a fazer a reconstrução no Brasil, sejam mastologistas ou
cirurgiões plásticos. “Isso melhorou muito o quadro da reconstrução mamária no
Brasil”.
Além da
realização de consultas e exames periódicos, a SBM reforça a importância de as
brasileiras manterem hábitos saudáveis de vida, o que inclui a prática regular
de exercícios, dietas com baixo teor de gordura, combate à obesidade. Esses
fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver câncer de mama,
sobretudo nas mulheres após a menopausa. A SBM preconiza a realização da
mamografia anualmente para todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade.
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