O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís
Roberto Barroso disse na noite de hoje (27) que, em matéria de direito penal,
não há espaço para o "clamor das ruas". O ministro ressaltou ainda
que, na área criminal, não há possibilidade de os juízes fazerem escolhas
políticas ou ideológicas.
“Eu gostaria de dizer e de deixar claro, logo de
início, em matéria penal não há espaço nem para criatividade judicial, nem
muito menos para ativismo judicial e tampouco para clamor público e menos ainda
para ouvir voz das ruas. A área criminal é o espaço em que não há
possibilidades de escolhas políticas, ideológicas. Mais do que em todas as
outras, é preciso trabalhar com os fatos e as provas que existem”, disse.
As declarações de Barroso foram dadas no Quinto
Colóquio sobre o Supremo Tribunal Federal, promovido pela Associação dos
Advogados de São Paulo, na capital paulista.
O ministro do STF lembrou alguns posicionamentos
seus em decisões tomadas pela corte nos últimos anos. Ele citou o voto que
proferiu sobre a desnecessidade do cumprimento de um sexto da pena para
autorização de trabalho externo ao condenado em regime inicial semi-aberto,
decisão que beneficiava o ex-ministro José Dirceu.
“Direito penal não pode escolher alvos. Portanto
não tem réus que eu goste e réus que eu não goste. Réu que eu tenha afinidade
ou não. Eu tenho a pretensão sincera de não ter desviado o meu caminho, nem
quando chegou em A, nem quando chegou B, nem quando chegou em L”,
acrescentou.
Barroso também é ministro do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e foi escolhido relator do registro da candidatura do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele deverá decidir nos próximos dias
se Lula poderá ser candidato ou não.
Tribunal
messiânico
Em outro painel, o ex-ministro do STF Cezar Peluso
disse que algumas decisões da corte passam a ideia de que o tribunal tem a
missão messiânica de salvar o país da corrupção, e que os juízes parecem ser
justiceiros e não julgadores.
"Algumas decisões me passam a impressão de que
certas decisões do STF estão baseadas no pressupostos de que o STF de hoje
tenha a missão messiânica de promover uma revolução no país. A revolução
cultural pela qual ser extirpada da história desse país a praga da corrupção",
disse.
"Qual é o problema dessa postura ditada por
algumas decisões ou pelo teor aparente de algumas decisões? É passar ao povo a
ideia de que os juízes não são instituídos para julgar, mas para serem
justiceiros. A função da magistratura é apenas a de julgar. A revolução,
seja ela de que ordem for, é papel das instâncias políticas e da sociedade
civil, não é função do Judiciário", acrescentou.
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